Projeto-piloto cria três passagens em áreas de proteção ambiental para a preservação da fauna em Campinas
Artigo originalmente publicado no site do jornal ACidadeON Campinas
Um levantamento da Artesp (Agência de Transportes do Estado de São Paulo) mostra que o número de animais mortos nas rodovias paulistas caiu 32,6% este ano em comparação ao mesmo período do ano passado. Apesar dos dados positivos, a RMC (Região Metropolitana de Campinas), ainda precisa avançar na preservação da fauna.
A criação de três passagens: duas em áreas de proteção ambiental e uma na Estrada da Rhodia, está prevista para o início do ano que vem e será custeada pelo ICLEI - Governos Locais pela Sustentabilidade.
Campinas é uma cidade cortada por rodovias. Importantes áreas de preservação ficam em suas margens. Uma combinação perigosa para os animais silvestres que vivem nesses locais. Uma das reservas, a Mata de Santa Genebra, fica ao lado da rodovia Zeferino Vaz (SP-332). Ali, há anos se estuda a criação de corredores verdes, que serviriam para proteger diversas espécies e facilitar a reprodução dos animais, inclusive das onças. Mas ainda estão no papel, apesar do avanço das articulações.
CORREDORES
Aprovado no ano passado e reconhecido como uma iniciativa importante de preservação do meio ambiente, com ações integradas de preservação da fauna e flora, o projeto Reconecta RMC prevê uma atuação em três frentes: proteção animal, recuperação de áreas de preservação permanente e o fortalecimento dos locais já preservados.
A diretora da Secretaria do Verde e Desenvolvimento Sustentável, Ângela Guirão, afirmou que a prioridade é a construção das três passagens para os animais na região da Mata Santa Genebra. "Serão passagens aéreas, feitas uma estrutura metálica, com um gradil de segurança, que se parece com uma passarela. Nossa previsão é que estejam prontas no início do ano", disse.
Segundo a diretora, os municípios também estão empenhados em consolidar os corredores ecológicos. O assunto tem sido tratado em grupos temáticos para a proteção animal, inclusive com a participação do Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente (GAEMA), do Ministério Público.
As concessionárias das rodovias que cortam essas áreas também estão envolvidas no projeto. As passagens serão financiadas pelo ICLEI e terão um custo total de US$ 40 mil. A implantação depende agora da última avaliação da entidade.
O poder público esbarra em dificuldade para conseguir criar esses corredores: boa parte dessas áreas é de propriedade privada. Segundo Ângela, existe hoje um aumento do interesse desses proprietários em participar do projeto, mas é uma ação que depende da boa vontade e de muita conversa entre o poder público e os donos das terras.
ÁREAS
Os locais de implantação das passagens foram definidos de acordo com as propostas de conectividade existentes no planejamento municipal e regional, e estão localizadas no Ribeirão Anhumas e no Ribeirão das Cabras, dois importantes afluentes do Rio Atibaia. O Rio Atibaia responde hoje por 95% do abastecimento de Campinas e também precisa de atenção quando o assunto é preservação. As passagens de fauna funcionarão como um projeto-piloto serão as primeiras a serem implantadas na RMC, com sistema de sinalização e conectividade em três trechos de rodovias com alta circulação de veículos. Caso apresentem bons resultados, serão replicadas em outras cidades, também em pontos críticos e de ameaça à vida dos animais.
FAUNA
Além das onças, também vivem nessa mata espécies como a paca, lontra, jaguatirica, bugio, macaco-prego, tatu-vermelho, cachorro-do-mato, gato-do-mato, ouriço-cacheiro, mão-pelada, veado-mateiro, sapo-cururu e a caninana. Mas os animais que mais são vítimas de atropelamentos são as capivaras, os cachorros-do-mato e os gambás.
Segundo dados da Artesp, 7.679 animais foram atropelados nas rodovias paulistas nos seis primeiros meses deste ano. A maioria dos casos é de animais domésticos, 64% As ocorrências com animais silvestres representam 36%. Nos últimos quatro anos, em todo o Brasil, foram construídas 500 passagens de faunas, entre subterrâneas e aéreas. O número, no entanto, ainda é pequeno e significa apenas 6% de cobertura da malha rodoviária do país.
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